A Velhice Em Mim
Estou no limiar da velhice. Nauseabundo, reumático, gastroenterologicamente destruído, de fígado abatido e com o físico de um octogenário. Minhas frases são as mesmas, todos estão fartos de meus bordões. Minha lógica é lugar-comum, minhas razões secretas foram todas descaradas e jogadas à mercê do tempo. Meu sorriso é excruciante, e meus dentes embotaram-se. Meus passos são lentos, preciso de um apoio para a locomoção. Minhas convicções não mais convencem, e a minha verdade possui tanta dignidade quanto o traje cotidiano de um mendigo. Meus ossos estão fracos, a osteoporose os desgastou precocemente. Meus cabelos caíram aos poucos e já não posso mais sair sem um chapéu e uma máscara. Estou cansadíssimo, a muito custo sobrevivo. Já não tenho o vigor da juventude e nem mesmo a sabedoria da velhice. Minhas lembranças confundem-me e algo me diz que eu já fui um rei...
Estou feliz, meu aspecto é bem melhor do que o cenário político no Brasil.